½ MARATONA AUSTIN LIVESTRONG

Meus Texanos e Minhas Texanas,

Domingo passado, dia 20 de fevereiro, foi realizada a prova que serve de título a este post. A corrida contou com a presença do ex-ciclista Lance Armstrong, sete vezes campeão da Volta da França. Ele comemorou os mais de vinte mil corredores na prova que leva o nome da sua fundação, criada para ajudar pessoas com câncer. Armstrong correu os 21 quilômetros em 1h22 e agradeceu a “sua técnica” Joan Benoit Samuelson. A norte-americana foi a primeira vencedora da maratona olímpica, em 1984.

Porém, a presença ilustre na prova, superando a do próprio Armstrong, foi a da nossa querida Luciana Vignatti, representante internacional da Equipe Daniel Rech.

Confesso que fiquei muito impressionado com o relato da nossa atleta sobre a prova. Competição extremamente difícil onde até as descidas eram para cima. É mole?

Depois, através de e-mail, enviarei para ela uma receita que aprendi com os índios malaios da tribo Furobolhadesangue para resolver o problema da unha necrosada. É bastante simples. Usa-se o tradicional sabão Gaúcho (encontrado facilmente no Bolicho do Candinho - parece que há uma filial em Austin) e a não tão conhecida técnica da agulha de fogo. O método é praticamente indolor, inodoro e não solta as tiras. Fantástico!

Bem, senhoras e senhores, com vocês: Lu Vignatti!

Oiê pessoal…

Foi-se mais uma meia maratona e durante a prova eu ficava pensando que tinha que contar pra vocês como foi e as coisas que eu queria escrever e não podia esquecer.

Acabei com uma bolha de sangue gigante em baixo de toda unha do dedão esquerdo, o que significa que lá se vai mais uma, nada que eu já não tenha acostumado.

Tanta subida que eu tentava recuperar um pouco do tempo na descida e a unha pagou por isso.

Essa foi a primeira prova que eu caminhei, as subidas eram de matar e não foram nem uma, nem duas, as duas milhas finais tinham umas 3 que andando eu ia mais rápido que tentando subir correndo.

Na terceira milha já tinha passado por duas subidas íngremes e caminhei duas vezes. Tava meio p... Comigo mesma, como assim, caminhar em tão pouco tempo? Tava abafado, lá pelos 70F (20 e poucos graus – lembrando que ainda é inverno).

Logo depois da terceira milha tinha um posto de água, dois copos na cabeça, na cara e no pescoço e eu falei pra mim mesma: “não vou mais caminhar”. Luciana, teus treinos foram pra quê? Tu fez a 3M sem caminhar, esta só é UM POUCO mais difícil.

Eu tenho certa preferência por correr pelo lado direito, meio que virou mania e eu não tinha me dado conta do motivo. Foi aí que comecei a lembrar do depoimento da Lúcia na Disney, que li vaaarias vezes, quando ela conta das pessoas no caminho incentivando os corredores. Na 3M também tinha, mas hoje curti mais, prestei mais atenção e entendi o porquê do lado direito... É onde tem mais gente, mais cartazes, mais motivação. Lembrando da Lúcia, comecei a curtir mais a corrida, prestar mais atenção nas pessoas. Tinham cartazes de “Free high five” e eu pensei... Então “give me Five”... Aquelas criancinhas pequenas com as mãos gordinhas esticadas esperando um corredor retribuir. Tinha também um cara que chamava a gente pra nos prepararmos e pulávamos junto com ele batendo as mãos.

Eu tava me sentindo bem outra vez, fôlego, pernas... Percebi que meu dedo tava com uma bolha... Nem dei bola, é só mais uma bolha.

Milha 5 – 45 minutos.

10k – 57 minutos – resolvi tomar um gel, já sabia o que me esperava e é óbvio que tive outras subidas até aqui.

Milha 9... Olhei pra frente e o que vejo? Uma subida, uma curva seguida de outra subida ... Os caras do “pace” de 4h da maratona me alcançaram... Percebi ali que apesar de ter vontade de fazer em menos de 2h, ia ser muito complicado.

Milha 11 – nos separamos do pessoal que estava fazendo a maratona e eu pensei... Meu Deus amado, esse povo ainda vai fazer mais que o dobro... Tinha uma camiseta na feira sábado que dizia...vou correr 13.1 milhas porque sou meio louco apenas... Lembrei disso naquela hora.

Logo depois dessa curva (milha 11.38)... Adivinhem... Uma subidaaaaa... Olhei pra ela e pensei... Impossível não caminhar... Impossível... Dito e feito... Diria que 90% das pessoas caminharam naquela lomba... Do jeito que eu tentava subir correndo, foi melhor caminhar mesmo, ia mais rápido...

Não teve um plano descente, todo percurso que não era uma subida íngreme, eram aquelas falsas subidas... Tinha descida também... Contei umas 3 o percurso inteiro.

Um leve plano... 11:78... Outra subida... 12:40 outra subida... Placa de 600 metros bem no começo de uma subida... Eu olhava de longe e não acreditava... Caminhava na subida... Placa de 400 metros... Outra subida... Caminhei... Era a última... Voltei a correr e foi uma grande descida e uma reta pra chegada... Todo mundo no “sprint” pra chegar bonito.

Vocês precisam ver o meu gráfico do GPS... Parece um eletrocardiograma.

Cada caminhada lembrava do que a Lúcia escreveu sobre o Dani dizendo pra não caminhar muito porque a perna endurecia.

Durante a prova, o que ela escreveu sobre o Jua falar em abrir a passada.

Outra frase numa camiseta que eu comprei... Correr é um esporte e mental e somos todos insanos... Pensei muito nisso também.

Cada vez que eu me praguejava, perguntando por que tô fazendo isso, lembrava do Japa... Porque eu gosto!!!!

Quando acabou eu nem acreditei... Imediatamente pensei... Pro ano que vem eu definitivamente preciso treinar mais subida. Nem pensei em tirar meu tênis e ver o estrago... Fiz isso quando cheguei em casa ... Argh...

2:03:28 depois... Medalha tri bonita...

Camiseta de “finisher” bem legal também... Fotos... Muita coisa na cabeça, muitas lembranças... Vou pesquisar agora onde e quando vou fazer a outra...

Lúcia, tu foste a pessoa que mais lembrei... Mas pensei muito:

- em ti e na Robertinha que correram por 5 horas – inacreditável!

- no Dani e no Japa que fizeram o desafio do Pateta;

- no Jua que faz ironman;

- na Van, pra dizer... Treina aí amiga, apesar da maluquice vale a pena...

Nos vemos em Março pessoal....

Bjuussss

Lu

Querida Lu,

Considero uma honra ter sido lembrado por ti durante a prova. E sei que o Dani, o Japa, a Lúcia, a Roberta e a Vanessa também dirão o mesmo. Posso te garantir que o blog da Equipe Daniel Rech estará sempre ávido pelos teus depoimentos.

Eu também sou extremamente tímido e entendo os teus sentimentos e a tua vontade de não ser exposta. Minha intenção ao divulgar a tua evolução é simplesmente mostrar a outros (as), envergonhados (as) como nós, que é possível. Afinal, se até o Lance Armstrong, que já teve câncer faz, por que não podemos fazer? E não tenho nenhuma intenção de desvalorizá-lo ao dizer isso, pois, para mim, tanto Lu quanto Lance são movidos pela mesma força. Armstrong e Vignatti são exemplos de superação!

Abraços e beijos,

Juarez Arigony