domingo, 20 de dezembro de 2009

MARATONA DE NOVA YORK – “I’m Part of It”

Meus Prezados,


Casais como o Pedro e a Conceição estão se tornando cada vez mais difíceis de encontrar nos dias em que vivemos. Admiro a parceria que eles desenvolveram ao longo do seu relacionamento.

Apresentá-los é tarefa por demais difícil – faltam adjetivos. Sabe aquelas pessoas que te cativam sem fazer força? Que demonstram a sua amizade e o seu carinho até sem dizer nada? Que te transmitem energia apenas com a doçura do olhar? Que não têm nenhum tipo de preconceito, e que te respeitam mesmo que você pense de forma absolutamente contrária a deles? Nada disso é fácil, e tudo isso é pouco pra falar deste casal fantástico!

Por algum tempo me dediquei a pensar em quem teria ensinado quem. Se o Pedro a Conceição ou se a Conceição o Pedro. E desvendar este enigma só me foi possível valendo-me dos precisos ensinamentos de Deus: “... o homem unir-se-á a sua mulher; e serão uma só carne” (Gn 2:24). Apenas a mesma carne, o mesmo corpo, a mesma cabeça e o mesmo espírito podem pensar da mesma forma com tanta precisão.

E como se não bastasse, têm duas filhas lindas e formam o que eu considero exemplo de família – a que eu ainda vou ter um dia! Considero-os exemplo de união, de companheirismo, de uma só alma e de um só coração.

Conhecer gente como o Pedro e a Conceição é um privilégio. A sua existência me dá a certeza da inteligência do plano de Deus ao criar a família.

Mas, como todos sabem, ninguém é perfeito. Infelizmente o Pedrão e a São também têm as suas manias... E uma delas é correr maratonas no exterior! Paris, Berlim, Nova York... É mole ou quer mais? Podre de chique!

Então, deixemos que a São nos conte como foi a aventura de ser “a part of it” ocorrida no dia 1º de novembro próximo passado.



“A frase deste ano da Maratona de Nova York, escrita nas camisetas e no material de divulgação era “I’m part of it”. Eu queria por que queria também ser parte dela, por isso me fui às 6 da madrugada pegar o ônibus para Staten Island, a uns 30 minutos ao sul, de onde largava a maratona. Como os caras conseguem colocar 40 mil pessoas em transporte coletivo sem filas e acomodando a todos sentados bonitinhos? Simples! Com 3 horas de antecedência!!! Às 7h da manhã a ponte que levava para Staten Island seria fechada, e partir das 6 da manhã só entrava o transporte oficial da maratona. Chegamos às 6 e meia e aí ficam todos aguardando até as 9h40, horário da 1ª largada! Os corredores foram divididos em 3 ondas (waves) com horários distintos (9h40, 10h e 10h20), cada horário com letras diferentes. Vamos combinar que é muita cor, letra e número para guardar. Resultado: confusão total! Vi gente pulando a cerca (literalmente, galera!), para largar, pois os portões de cada uma das “n” entradas eram vigiados por uma pessoa só, e às vezes essa pessoa não conseguia segurar a massa que queria entrar. É meio apavorante, mas por fim conseguimos largar às 10h00, e embora cada um de nós 4 estivesse numa onda diferente e em letras diferentes, saímos todos juntos. E eu só pensava: cadê a emoção de fazer a NY Marathon? Troço mais sem graça e aí eu chego na boca da ponte e ouço a famosa New York New York pela voz do Blue Eyes e aí não consegui conter a emoção! É real, eu tô aqui mesmo!!!!

A primeira ponte eu não vou esquecer jamais, são uns 2,5 Km de extensão, e já aí tem neguinho subindo na divisória do meio pra tirar foto! Dá pra crer? Sim, é estranho, mas a grande maioria tá lá pra curtir, pra dizer que fez e não pra marcar tempo, tanto que os maratonistas são esperados lá no Central Park até as 18h00!!! E assim eu vi um montão de gente caminhando já no Km 3, gente que encontra familiares no caminho e para pra tirar fotos, gente que se abraça nos policiais e estende a máquina fotográfica do bolso pra registrar o momento. E como tem gente que corre “por uma causa”: pelas crianças com fibrose cística, por aquelas com leucemia, pelos portadores de HIV, câncer de intestino (!), pulmão, para levantar fundos para Hospital infantil na África (é... soube que o Edward Norton – ator, Clube da Luta, lembram? – levantou a mísera quantia de 750 mil doletas por esta causa!), a Alanis Morissette também estava lá, mas não descobri o motivo...

Bom, a galera que levanta fundos pra correr coloca fitinhas (como se fossem bilhetinhos) pregados na camiseta com joaninhas, e a tal camiseta necessariamente divulga a causa. Vi gente de todas as idades, cores e formas: tinha uma moça magérrima “correndo” de muletas! Fiquei boba, e me emocionava a todo momento, vi uma senhora bem velhinha caminhando amparada por duas pessoas... Gente, vi tanta coisa que não dá pra escrever tudo!!! Mas me senti parte da festa...

E o astral do público é algo impressionante: lembrei taaaanto de Porto Alegre!!! As ruas simplesmente são fechadas, e não temporariamente bloqueadas como aqui! Se a avenida tem 2 mãos, as duas são fechadas para que a massa use as duas vias! E ninguém reclama! O público aplaude e oferece os mais variados incentivos: tocam sininhos e panelas, estendem balas, pirulitos, chocolates, lenços de papel (nunca tinha visto, mas achei ótima a idéia!) e vaselina em palitos de madeira... Te sorriem e te incentivam com cartazes. Fala aí, não é igualzinho aqui em Porto Alegre?

E o trajeto? Bem, é liiindo!!! A prova passa pelos 5 bairros da cidade: larga de State Island, seguindo pelo Brooklin, Queens, Manhattan e o Bronx. Tem 5 pontes, e é onde vemos as maiores elevações, exceto pelos 3 últimos Kms no Central Park que, dizem, é uma subidinha chata por ser a “finaleira”, quando o povo já tá bem cansadinho... Eu passei pelas 3 primeiras, as outras duas são as que entram e saem do Bronx, lá em cima (olhem o mapa). Não cheguei lá.

Pois é, a festa tava boa, mas não fiquei até o fim – não é novidade, todo mundo já sabe disso – fui até o Km 27,7 com muitas dores, que nem o meu dopping com Arcoxia e Dorflex conseguiram aplacar!!!

Fiquei devendo a Maratona de Nova York, mas parece que é como Natal e Carnaval, tem todo ano, então... me aguardem que eu volto!!!! Certo!!!

Ah, quem termina vive os dias seguintes em glória: todo mundo sai com sua medalha pendurada (nada discreta, diga-se!), e recebe sorrisos e cumprimentos a torto e a direito, pois acreditem, a grande maioria das pessoas ainda pensa que nós, maratonistas, somos descendentes diretos dos deuses gregos, possuidores de dons divinos, de força sobrenatural! Ledo engano, se assim fosse, eu teria terminado essa prova, né! Mas deixa que pensem assim, pois dessa forma seremos sempre olhados com respeito e admiração, pelo menos no dia seguinte!!!”

3 comentários:

  1. Primeiramente, eu quero dizer que o Juarez foi perfeito ao descrever a São e o Pedro. E do exemplo que eles representam para todos nós que buscamos formar uma família um dia.

    São, adorei o teu relato...me senti "part of it" também só de ler. Saibas que me motivaste a me tornar uma descendente direta dos deuses gregos. Quem sabe um dia eu chego lá! Beijo grande e um Feliz Natal para todos vocês.

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  2. Juarez querido:

    A boca só fala do que o coração está cheio, esta é uma grande verdade e comprovada por ti: palavras tão doces e carinhosas só podem sair de um coração cheio de carinho e amor!Obrigada mesmo assim, apesar de achar que teus olhos são bem tendenciosos...

    Roberta: a mesma coisa serve pra ti.

    Mil bjkas,

    Conceição

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  3. Ção,

    Que lindo teu depoimento. Lendo até me motivei a quem sabe te acompanhar na próxima! ;o) Não ter completado a prova não diminui em nada a experiência de participar do evento e ainda levaste para casa um descendente de Deus Grego!!! Isto sim é muito chique!!!!!

    Beijos


    Juarez,

    Você escreveu e descreveu muito bem a imagem que a Ção e o Pedro nos passam. O que eu acho admirável nos dois é fato de nos mostrar que não é preciso ser de conto de fadas, casais do mundo real são felizes!!!!!

    Um abraço

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